domingo, 28 de setembro de 2014

O Último Conjurado (Isabel Ricardo) - Divulgação Saída de Emergência



Sinopse:
Há sessenta anos que Portugal era humilhado pelos Filipes de Espanha. 
É então que um grupo de heróis decide revoltar-se.
1640. O jugo espanhol dura há sessenta anos. Seis décadas de identidade roubada, pátria escondida e falsa lealdade. Mas algo está diferente: fala-se do enigmático Capitão Gualdim, que desafia o poder espanhol pelas ruas de Lisboa enquanto se conspira nas sombras e a guerra contra o domínio espanhol ameaça rebentar. Uma importante parte da nossa História ganha vida em O Último Conjurado de Isabel Ricardo, onde a realidade se cruza com a ficção. Duelos, emboscadas, amores e muito mistério envolvem as principais personagens, três jovens cavaleiros que vivem todo o tipo de aventuras. Um romance histórico que representa com rigor os factos ocorridos neste tão importante período da nossa História, enlaçado numa maravilhosa narrativa cheia de suspense.
Publicado pela primeira vez em 1998, esta reedição é a mais recente aposta da Saída de Emergência para a coleção A História de Portugal em Romances.

Um dos meus livros favoritos desde a primeira vez que o li, e talvez o grande culpado pela minha paixão por romances históricos. O Último Conjurado é daqueles livros que nos fazem devorar páginas e páginas logo desde as primeiras linhas.

Com um leque de personagens que vão desde figuras históricas (não só portuguesas, mas também espanholas) a criações da autora, desde a alta nobreza aos temidos fora-da-lei, é um livro que nos faz querer viajar no tempo e "aterrar" naquela época antecedente à revolução de 1 de Dezembro de 1640.

Os amantes do romance histórico não se vão arrepender!

O Último Conjurado tem lançamento marcado para o próximo dia 31 de Outubro, mas já se encontra em pré-venda no site da editora, Saída de Emergência.

Eu vou voltar a reler!

Alguém me acompanha? ;)

sábado, 27 de setembro de 2014

Caderno Vermelho de Pedro Cipriano






Opinião:

O amigo Pedro Cipriano foi o escritor escolhido para a primeira Revista do grupo do FB "O Cantinho do Corvo Fiacha", sendo este livro o escolhido para a leitura conjunta a decorrer no grupo. 

Já tinha comprado o livro antes da Revista sair, por um lado porque já tinha lido um trabalho do escritor que comentei inclusivamente aqui no blog, por outro lado porque o Pedro Cipriano já deu grandes contributos no grupo, ainda me lembro dos belos debates sobre energias alternativas, poluição no planeta, reciclagem e muitos outros temas e claro porque devemos ajudar os escritores nacionais e o Pedro tem talento, acho que tem tudo para escrever um GRANDE livro de FC, tal os conhecimentos que tem.

Ao ler este livro, que me surpreendeu pela positiva, fiquei a admirar ainda mais o Pedro. Conseguiu fazer com que despertasse a minha consciência, que muitas vezes pelo dia a dia que levamos nem nos lembramos de pensar sobre temas que aqui são abordados, um alerta para que mudemos de atitude em relação a nós próprios, ao mundo onde vivemos, pensar mais em construir um mundo melhor, fazer com que exista mais tolerância, que princípios sociais sejam defendidos, a defesa de valores mais justos, em suma que se mude de atitude, algo bem necessário para um mundo melhor.

Por curiosidade e para verem a pessoa que o Pedro é (espero que não te importes que revele algo que falamos em particular) quando comprei o livro o Pedro propôs-me que se não gostasse do livro (escrito magistralmente em poesia, algo que me surpreendeu) me devolvia o dinheiro, algo que obviamente recusei e claro obrigado por esta pérola, dinheiro muito bem empregue.

Um livro que utiliza papel reciclado, barato e que vai ser uma agradável surpresa, um livro que mexe connosco, leiam, o Pedro Cipriano é uma pessoa muito acessível, vi inclusivamente a oferecer um exemplar a uma pessoa que queria participar na leitura conjunta e não podia adquirir o livro, logo é só contactarem com ele pessoalmente que podem adquirir o livro, serão recompensados.

Vou abrir o livro e o que calhar partilho aqui :)

6 - Dinheiro

"Uma real maravilha humana
E muito importante criação
Somente do poder emana
Visto como divina benção

Sempre em acesa disputa

E fonte de rivalidade
Com ele já não se escuta
Nem justiça nem liberdade

Neste mundo tudo tem preço
Até íntegros e decentes
Somente à moeda dão seu apreço

Por via da divisa são cegos

Tão escravos como dementes
São para inflamar seus egos"

Pedro até ao forum fantástico, penso que já há datas, quero finalmente obter o meu exemplar da colectânea da Editora Divergente e desta vez com dedicatória, espero ;D

terça-feira, 23 de setembro de 2014

A Estrada do Tabaco - Erskine Caldwell



Sinopse

O humor de Caldwell, como o de Mark Twain, tem como fonte a imaginação que agita as emoções do leitor


Durante a Grande Depressão americana, a família Lester não sabe como sobreviver à miséria que se avizinha. Residem e gerem os territórios rurais da Geórgia, cultivados com tabaco e algodão, mas já nem isso os salva. Debilitados pela pobreza ao ponto de atingirem um estado de ignorância e egoísmo cruel, os Lesters preocupam-se com a fome, os apetites sexuais que os devoram e o medo de que a hierarquia social os empurre para uma camada ainda mais desfavorecida.

A pobreza, o racismo e a bestialidade dos homens são aqui postas a nu, despindo a sociedade americana dos anos 20 com crueza e violência, numa tragicomédia de mestre. A Estrada do Tabaco é um dos grandes clássicos americanos de Erskine Caldwell.

Críticas

"A Estrada do Tabaco é como o humor negro: não devemos rir, não queremos rir, mas rimos até às lágrimas. E quando paramos de rir, perguntamo-nos se seremos assim tão diferentes dos animais selvagens."
-The Daily Beast

"O humor de Caldwell, como o de Mark Twain, tem como fonte a imaginação que agita as emoções do leitor."
- New York Herald
Opinião:

Uma leitura bem agradável, não digo de encher as medidas como por exemplo “A Vida Roubada” de Adam Johnson ou mesmo “As Serviçais” de Kathryn Stockett, dois dos melhores romances que já li publicados pela Editora SDE, mas ainda assim uma leitura interessante.

Como se percebe o livro ocorre numa época muito própria da sociedade americana. Este facto acaba por nos dar uma ideia de como se vivia nesse tempo, as relações bem como a forma de pensar de muitas pessoas, paralelamente também foi bem explorada a parte histórica do período em que a ação decorre.

Mas a grande mais-valia do livro é mesmo o humor negro como que somos presenteados ao longo da leitura do livro.

As dificuldades por que a família Lesters passa na vida são muito bem exploradas, acabando por nos mostrar uma sociedade cruel, racista e egoísta, a forma como muitos homens reagem em relação a uma situação de pobreza extrema, o papel dado à mulher na sociedade, a importância da religião e o sexo. Tudo nos é descrito de uma forma trágica mas com um humor muito bem trabalhado que nos dá uma visão cómica ao mesmo tempo.

Quanto as personagens acabamos por simpatizar com os membros da família Lesters, que foram muito bem desenvolvidas, acabamos por sofrer com os seus dramas, com os seus problemas e claro que acabamos por torcer para que a vida deles melhore.

Uma escrita fluida, sem momentos mortos e sem demasiadas descrições, um bom aproveitamento das personagens e um enredo bem desenvolvido, acabam por tornar a leitura muito interessante. Lê-se de forma muito descontraída e diferente do habitual.

Um livro interessante repleto de humor negro.

Pergunta que o Editor responde - Edições Saída de Emergência




Caso tenham alguma pergunta a fazer á Editora Saída de Emergência, podem fazê-lo na sua página do FB, neste local


Só tenho a elogiar este tipo de iniciativa, que acaba por aproximar os leitores à Editora

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Jem - A Construção de uma Utopia de Frederik Pohl


Opinião:

Um livro marcante mas que me deixa com uma sensação estranha. Se não for o melhor livro que li de FC é um dos melhores seguramente, mas por outro lado sinto que por mais que o comente e vá buscar pormenores do livro, nunca conseguirei transmitir a sua qualidade, o que me faz sentir um pouco frustrado.

Não encontro sinopse do livro para partilhar. De forma muito simples, posso dizer que este livro mostra-nos uma expedição a outro planeta por parte de humanos com o objectivo de conviver com as vidas que possam ai existir e fazer com que a tripulação possa sobreviver e preservar a espécie humana num planeta totalmente desconhecido.

É claro que há muito mais do que isto. Uma das grandes virtudes deste livro é apresentar um enredo riquíssimo, com imensas questões retóricas, basta referir que fazem parte da expedição apenas os melhores, desde astrónomos, geólogos, cientistas, a militares, pilotos, tradutores e muitos outros personagens. Desta forma, cedo acabamos por ter visões diferentes sob o ponto de vista das personagens, o que acaba por ser uma mais valia para toda a história.

As personagens são igualmente excelentes, não temos aqui os típicos heróis, temos personagens reais, bem construídas, onde, mesmo não sendo descritas exaustivamente, acabamos por as conhecer, sofrer com os seus problemas, com os seus sucessos e as suas fraquezas. O mesmo acontece com o universo onde a ação decorre, que digo-vos já, e a título de curiosidade, é semelhante ao planeta Terra, embora com algumas diferenças.

Gostei como o escritor mesmo através de alguma fantasia não deixa de apresentar bases cientifica bem consistentes para as diferenças existentes entre Terra e o planeta Jem e se atendermos à data em que o livro foi escrito, ainda se torna mais interessante a visão que o escritor tem. Será mesmo possível construir uma Utopia ?

Não quero comentar muito mais até para não fazer spoilers. Este livro é fantástico, é mais uma grande surpresa a nível de FC, será sério candidato a livro do ano e uma vez mais, uma prova que não é necessário escrever-se uma saga interminável para termos um livro muito bom.

Leiam, vale bem a pena, não sei mesmo o que mais dizer para que este livro não vos passe ao lado, embora reconheça que não deva ser muito fácil de encontrar.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Desafio lançado no Facebook - escolha de 10 livros que nos marcaram


Ora bem respondendo a um desafio lançado por vários amigos no FB para se escolher 10 livros que nos tenham marcado, vou faze-lo recorrendo a um género que acho que é desprezado e como tenho referido aqui no blog tem proporcionado excelentes leituras, falo da Ficção Cientifica.


1) Duna de Frank Herbert

2) A Oeste do Éden de Harry Harrison

3) Serie Âmbar de Roger Zelazny

4) Serie Mundo do Rio de Philip José Farmer

5) Serie Terramar de Ursula le Guin

6) O Homem sem Rosto de Jack Vance

7) Brasil de Ian McDonald

8)  Book of the New Sun - Gene Wolfe

9) Jen de Frederick Pohl (ainda não acabei mas tem que entrar)

10 ) Camuflagem de  Joe Haldeman


Ousem ler este género, há verdadeiras pérolas ;)

Já agora sintam-se à vontade para fazer uma lista de 10 livros que vos marcaram, seja de que género for :D

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Revista do Cantinho do Corvo Fiacha - Facebook



Bem esta mensagem é para partilhar convosco mais um gesto de amizade que acabei de receber, pois acabou de ser criada uma revista no grupo O Cantinho do Corvo Fiacha no Facebook e que acho que está muito boa.

Mais do que a Revista, que repito está com muita qualidade, é a amizade a dedicação que está lá refletida, que por um lado me enche de orgulho e por outro me faz sentir satisfeito, nem sempre é fácil o universo da blogosfera, mas por vezes somos compensados com momentos destes que nos fazem andar para a frente.

Espero que gostem e claro o muito obrigado aos envolvidos, de coração mesmo :)

Já agora agradecemos sugestões e não se admirem se virem comentários vossos na Revista e quem sabe num futuro serem vocês os entrevistados ou mesmo reportagens vossas :D

Para verem é só carregarem aqui

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Sugestão João Barreiros



Aqui deixo uma sugestão do amigo João Barreiros mas isto apenas para aqueles que podem ler em Inglês, aproveitem :)

"Foram precisos três anos de ansiosa espera. Três anos onde vos recomendei a leitura desta extraordinária trilogia durante os FF. Finalmente está completa. Três excelentes livrinhos que, somados uns aos outros nem chegam a metade de um dos tijolos do Martin. Ah, mas que livros...A história é simples. Um asteróide gigante vai impactar com a Terra dentro de um ano. Não há solução possível, não há fuga, não há meios de o desviar. Estamos a falar de extinção global. Como a que deu cabo dos dinossáurios há 65 milhões de anos. Kaboom. Depois disso acabou-se tudo, adeus espécie humana, adeus ecosfera. E que fazem as pessoas vulgares a tão pouco meses do fim? Suicidam-se, entram em depressão, deixam as famílias, deixam de ser professores, técnicos, engenheiros. Os fazendeiros encolhem os ombros. Que se lixe. Os funcionários das limpezas reformam-se antecipadamente. Fecham os infantários, as escolas, as universidades. Adeus internet, TV, radio. Acaba a distribuição de água potável. Acaba-se a electricidade. Ponto final na comédia humana. Vale a pena o esforço de continuar por mais um ano a fazer de conta que a sociedade existe? Que existem valores irrecusáveis? A maioria acha que não. Hank Palace, o nosso herói acha que sim. É polícia, sempre foi polícia, a sua obsessão é desvendar todos os crimes antes que seja demasiado tarde. descobrir os assassinos antes que o impacto do asteróide os mate. Hank é pois, o último dos polícias à face da Terra.

Nestes três pequenos volumes, escritos com delicadeza, fineses e humor, assistimos ao colapso da civilização ocidental pelos olhos de um polícia que, de caderno de notas na mão, continua a investigar todos os pequenos e miseráveis crimes que lhe aparecem pela frente. Principalmente aqueles relacionados com o desaparecimento da irmã. Uma irmã revolucionária que acredita que a queda do meteoro não passa de uma conspiração governamental. Tristes ilusões. Hank quer encontrá-la. nem que seja uma hora antes do fim.

Quem tenha a sorte de começar a lêr a obra conjunta, estou certo de que não vai conseguir parar.

São bons livros? Não meus caros, são excelentes. O tema já é conhecido? Pois, mas a verdade é que, como dizia o bardo, "não há nada de novo debaixo deste sol". Mas a a trilogia, "THE LAST POLICEMAN", transforma o romance policial de um Chandler ou de um Hamett em qualquer coisa de novo e original. Um a nova negra de FC, eivada de angst existencial. Entre todo o género de novelas "pré-apocalípticas" esta será uma das melhores que já li.

Em 2012 recebeu o prémio Edgar, Amazon reconheceu-o como um dos melhores livros de 2012. Provavelmente virá a ser uma série da TV.

Provavelmente nunca será traduzida em português. "

João Barreiros

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

O Corpo e o Sangue do Inquisidor de Valerio Evangelisti



Sinopse:

Nicolas Eymerich, impiedoso defensor da fé cristã, gravou a sangue e fogo o seu nome na história dos nossos tempos. Autor do célebre Manual do Inquisidor, do século XIV, esta personagem verídica será durante mais de cinquenta anos o inquisidor mais poderoso e implacável do reino de Aragão.

Com um rigoroso fundo histórico, as investigações de Nicolas Eymerich trazem até nós um detective do misterioso, a meio caminho entre Sherlock Holmes e Guillaume de Baskerville (de O Nome da Rosa), capaz de desmontar os enredos mais maquiavélicos e de arrasar todas as heresias.

Opinião:

Graças a uma pessoa amiga, tive a oportunidade de ler este livro, que não sendo um livro extraordinário, é agradável e bem interessante.

Como se pode ver, o livro é fruto de um trabalho de investigação de um determinado período da história, onde a Igreja detinha um enorme poder.

Todo o enredo gira em volta da grande personagem que é o inquisidor Nicolas Eymerich, que parte numa demanda para tentar descobrir e destruir algo verdadeiramente maligno que está a acontecer no reino de Aragão.

Mas, paralelamente o livro descreve-nos, no tempo atual, um enigma em que o ponto central da ação é comuns em ambos os períodos. É neste tempo que conhecemos um médico, Lycurgus Pinks, racista, capaz de tudo para atingir os seus objetivos. Sem duvida uma personagem interessante, embora não pelos melhores motivos. Muita da ação gira em torno destas duas excelentes personagens.

Numa escrita fluida, sem momentos mortos, repleta de mistérios e enigmas, apresentando um enredo bem construído e com duas personagens principais extraordinárias, acaba por ser um livro que proporciona uma leitura muito agradável.

Um livro que recomendado, mais a mais podendo ser adquirido por 4,90€ conforme podem ver aqui vale a pena ;)

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Pavana de Keith Roberts

Sinopse

E se, em 1588, a bala de um assassino pusesse fim ao glorioso reinado da rainha Isabel de Inglaterra? A partir desse momento toda a história do mundo seria diferente. A Invencível Armada de Filipe II invade as ilhas britânicas. Os reis católicos tornam-se senhores incondicionais de Inglaterra. A Igreja Anglicana tomba por terra. Mais tarde, a Revolução Industrial é estrangulada à nascença. Os Papas ordenam autos-de-fé para reprimir os embriões da tecnologia, cessando assim todo o progresso científico. E o frenesim da história transforma- -se numa lenta Pavana que agoniza através dos séculos. Mas, algures, uma mão cheia de revolucionários, artistas e homens de ciência, combatem pela salvação ou ruína da espécie humana.



Confesso-vos que quando iniciei a leitura deste livro, esperava algo diferente, mas página após página, fui entrando num mundo desconhecido, que me seduziu pelas suas descrições, pelas suas histórias perfeitamente escritas e que se interligam na sua independência.

“Pavana” é um mosaico de histórias, um mosaico de vidas e gerações que nos falam de uma Inglaterra completamente diferente daquela que conhecemos hoje. Uma Inglaterra que viu a sua rainha Isabel I assassinada, a queda da reforma protestante e a ascensão da igreja católica que controlava metade do mundo.

Em pleno século XX (a história começa em 1968), o desenvolvimento tecnológico é praticamente inexistente, sendo considerada como heresia qualquer tentativa de desenvolvimento de outras tecnologias para além da energia a vapor. A Inquisição está forte e o sistema feudal bem vivo!

A primeira história apresenta-nos Lady Margaret (uma locomotiva a vapor) e a família Strange. O negócio de família permite que criar uma grande riqueza, com as suas locomotivas transportam mercadorias para todos os pontos do país.

A segunda história dá-nos a conhecer a Guilda dos Sinaleiros através de Rafe Bigland, uma aliança muito forte, uma irmandade que trabalha fora da alçada da igreja,.

O irmão John, na terceira história, apresenta-nos um monge que é chamado para um trabalho muito especifico: desenhar o que vê durante o funcionamento interno da inquisição, as torturas, os inquéritos. Estes acontecimentos levam-no a repensar a sua vida e a aliar-se aos rebeldes e ganhar a inimizade com a igreja.

Novamente a família Strange, numa outra geração, traz-nos uma quarta história que prepara o terreno para o desenlace final. O sentimento de liberdade de uma jovem é o tema da quinta história e de novo a família Strange preenche os capítulos seguintes até ao final do livro.

As personagens são muito humanas, com as suas fragilidades, aspirações, hesitações, dando-nos conta de quão frágil é o ser humano.

As histórias podem ser lidas de forma quase independente, ilustrando momentos da vida neste mundo controlado pela igreja. Mas a narração adquire a sua força pela justaposição de situações, personagens e eventos.

A comunicação assume um papel importante neste mundo sem progresso, no capítulo dois é escrito em detalhe a estrutura e a gestão das “luzes sinaleiras” , bem como a longa preparação na arte de codificar e descodificar as mensagens que são enviadas e recepcionadas em cada torre. A Irmandade dos sinaleiros, criou as regras e os sinais de um sistema único em que só quem pertence a esta irmandade o pode fazer. Em qualquer mundo desenvolvido, a comunicação é um dos factores chave para esse desenvolvimento e progresso, um fluxo difícil, hermético e subsequentemente controlado de mensagens é o primeiro sinal de uma sociedade que nunca poderá vir a modernizar-se e a evoluir.

No entanto, paralelamente, vimos a descobrir que estes “irmãos sinaleiros” têm um outro método para comunicar, muitíssimo mais rápido, através de terra ou mar e que está sem dúvida ligado a outras ciências ocultas, como por exemplo a magia.

Surge então um outro mundo paralelo à história central de Pavana, um mundo da antiga religião, o mundo das fadas, “as pessoas pequenas” que vivem nas florestas, mas que surge de uma forma muito subtil, sem que se perceba muito bem qual o papel directo deste seres. São elas a ligação com o feminino, para além da sua ligação à irmandade dos sinaleiros? Serão as mulheres um sinónimo de rebelião? É delas que nasce a força para a mudança?

A linguagem é lenta e as descrições são pormenorizadas, criando um ritmo que para alguns poderá ser considerado monótono. Não há acontecimentos surpreendentes e que nos arrebatam no meio da leitura. Keith Roberts escreve num tempo próprio, em que a narrativa aparece imbuída de um certo fatalismo, em que os personagens não parecem donos do seu destino, há uma força na história que os controla e a igreja que controla tudo.

No último capítulo “Coda” tudo se resolve, é a reviravolta, o desenlace de todas as outras histórias que estão interligadas quer no tempo quer nos personagens.

Não é difícil alongar-me neste comentário sobre Pavana, pois há muito por dizer. No entanto acho que não o devo fazer. É um livro que se descobre em si mesmo, tem de se ler nas entrelinhas e no que está por detrás do enredo principal, pois se não o fizermos, poderemos ter a sensação de estarmos a ler um livro sem nexo e com personagens e histórias que nada tem a ver umas com as outras.

Keith Roberts foi, na minha opinião, bastante ambicioso com este livro, no entanto terá conseguido atingir o seu objectivo final? Não sei responder… Para mim, é um livro muito bom, muito bem escrito, de uma forma subtil que despertou todos os meus sentidos na sua leitura, pois tem de se ler o que está na conjugação das palavras e frases e o que não está.

Há um toque de magia muito ténue e subtil por detrás de tudo, até na forma como o lemos.

Recomendo? – perguntam-me vocês. Também não sei responder… ou seja, eu recomendo, mas sei certamente que muitos acharão uma grande seca! Não esperem grandes acções ou movimentações, leiam-no desprovidos de expectativas e leiam nas entrelinhas, na escrita fantástica de Keith Roberts e gostarão certamente como eu gostei (assim o espero…).

Para quem quiser aventurar-se por este mundo de Keith Roberts, pode aproveitar o excelente preço da SDE, apenas 4,5€ no site:
http://www.saidadeemergencia.com/produto/pavana/

Podem encontrar este comentário no meu blogue folhas do mundo
A Caminhante