terça-feira, 29 de dezembro de 2015

A Revolução da mulher das pevides" de Isabel Ricardo


Sinopse


Os exércitos de Napoleão ocupavam Portugal. Uma mulher, armada apenas da sua beleza e argúcia, vai despoletar a revolução para os expulsar 


Perante os canhões e as balas dos exércitos franceses, Ana Luzindra só tinha uma arma: a sua beleza. Mas a beleza também pode ser mortal.

A Revolução da Mulher das Pevides transporta-nos para os anos de terror das invasões francesas. A morte e a crueldade marchavam lado a lado com os exércitos veteranos de Napoleão. E enquanto a Família Real fugia para o Brasil, o povo ficava para suportar todo o tipo de humilhações.
Na vila da Nazaré, Ana Luzindra é parteira de profissão e uma mulher simples. Para fazer frente aos canhões e balas dos franceses só tem uma arma: a sua estonteante beleza. Atraindo-os, um a um, para a morte na calada da noite, a jovem inspira toda uma comunidade e pegar em pedras e paus para expulsar os invasores.
A Revolução da Mulher das Pevides, expressão da Nazaré que significa “algo insignificante”, foi tudo menos isso: pelo sobressalto que pregou aos franceses, e pela posterior vingança desproporcionada que estes praticaram sobre a Nazaré, acabou por ser um dos momentos mais importantes da invasão, e inspiraria o longo e árduo caminho dos portugueses e aliados até à derradeira vitória sobre as tropas do temível Napoleão.

Opinião:

Bem, antes de mais queria referir que nesta segunda quinzena do mês de Dezembro, deu-me uma preguiça imensa, no que a leituras diz respeito (não sei se vos acontece o mesmo volta e meia) o que fez com que me tenha atrasado na participação da leitura conjunta, pelo que desde já tenho de pedir desculpas à escritora e claro agradecer-lhe a sua participação, sempre uma mais valia para todos.

O livro veio confirmar todas as qualidades que já tinha encontrado no livro "O último conjurado". Um trabalho de investigação sério e bem desenvolvido, com diferentes pontos de vista, com diversas personagens que foram reais, apresentando uma escrita fluída, onde podemos encontrar momentos de nos fazer rir e momentos de muita crueldade.

Gostei de um modo geral das personagens, foram bem construídas e desenvolvidas sendo a minha preferida o Rodrigo. Por outro lado apreciei bastante a forma como a escritora encerra este primeiro volume, já lia a continuação.

Deu-me imenso prazer ver as referências e a abordagem que a escritora efetuou sobre o povo da Nazaré, pois como vivo ali perto sem duvida que me identifiquei com a linguagem utilizada, tal como o facto de muita da ação se passar em locais por onde costumo passar com regularidade, como a Roliça ou mesmo O Sitio na Nazaré onde se come um belo peixinho.

Um livro que funciona bem como romance histórico, mas acima de tudo acaba por ser uma espécie de homenagem que a escritora faz a tanta gente que lutou pela liberdade de Portugal, com coragem, determinação, humildade. passando imensos sacrifícios mas que é um povo que acabou por merecer o respeito dos seus invasores, nunca se deixando subjugar.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

"Um Homem sem Passado" de Peter May


Sinopse:

Um cadáver não identificado é recuperado de um campo na ilha de Lewis. Quando os testes de ADN indicam um parentesco entre o cadáver recuperado da turfa e o pai de Marsaili, a paixão de infância de Fin, este vê o seu regresso assumir contornos mais turbulentos do que aquilo que inicialmente esperava. Tormod Macdonald, agora um homem idoso preso nas garras da demência, sempre afirmou ser filho único, sem família próxima. Como Fin acabará por descobrir, é uma mentira que Tormod manteve por uma boa razão. 

Opinião:



Agora que vamos chegando ao final do ano e vamos pensando qual o melhor livro que lemos de cada editora acabamos sempre por ser surpreendidos com a mais recente leitura e este podia sem duvida ser escolhido como o melhor livro que li da Editora Marcador, pois estamos na presença de mais um excelente policial.

Uma coisa e certa este é o escritor que mais me surpreendeu na editora, pois já tinha adorado o seu primeiro livro "Casa Negra" mas este ainda me consegue surpreender mais pois a história está muito consistente, não temos aqui grandes acontecimentos, tipo fantásticos ou fora do normal, aqui a história faz-me, em certa medida, lembrar mais uma aranha que vai tecendo a sua teia e nos vai deixando presos à medida que vamos avançando com a leitura do livro, muito interessante e bem conseguido a forma como o livro foi estruturado, planeado com personagens muito consistentes e bem desenvolvidas e que nos cativam já desde o livro anterior, mas também as novas que nos são apresentadas.

Não queria estar a desenvolver muito mais a trama, mas posso dizer que é um dos melhores policiais que li até hoje, e sem duvida que fará as delicias para quem gosta deste género literário, a não perder pois estamos na presença de mais um livro de muita qualidade.

Vale sempre a pena variar um pouco as nossas leituras e aqui está mais uma prova em como fiz bem apostar noutros géneros literários, só espero que a Editora não demore muito a publicar o livro seguinte.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

30 dias 30 pack -Saída de Emergência




Toca a aproveitar esta excelente campanha, não posso deixar de recomendar a "serie Asteca" do escritor Gary Jennings, dos melhores Romances Históricos que li até hoje.

Podem ver a campanha, aqui

Os meus parabéns à editora por mais esta excelente iniciativa :)

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

"Invenção das Asas" de Sue Monk Kidd




Sinopse:
Da autora de "A Vida Secreta das Abelhas"

Hetty, uma escrava do início do século XIX, sonha com uma vida para lá das paredes sufocantes da opulenta mansão Grimké. Sarah, a filha dos Grimké, desde cedo que quer fazer algo pelo mundo, mas é sufocada pelos limites rígidos impostos às mulheres.

Tudo tem início quando Sarah faz onze anos e lhe dão Hetty, um ano mais nova, para ser sua aia. Nas décadas seguintes, cada uma à sua maneira, as jovens lutam por liberdade e independência. Moldando o destino uma da outra, vivem uma intensa relação de amizade marcada pela culpa, rebeldia, separação, os caminhos ínvios do amor e também pelo nascimento do movimento abolicionista que mudará as suas vidas para sempre. Será que a religião, a sociedade e a família podem enfrentar os sonhos de duas jovens? Inspirada pela figura histórica de Sarah Grimké, Sue Monk Kidd transcende o registo histórico para nos oferecer um testemunho deslumbrante e poderoso da luta das mulheres e dos escravos em nome da liberdade. A Invenção das Asas é um triunfo da arte de contar histórias, abordando um tema sensível e atual, de uma forma honesta e poética.

Opinião:


Pensei que o melhor livro lido em 2015 da editora Saída de Emergência já estivesse escolhido, no entanto a leitura deste livro veio alterar a minha escolha e dificilmente poderá ser ultrapassado, pois não devo terminar este ano Guerra e Paz do Tolstoi ( uma obra igualmente muito boa). Este livro passar-me-ia completamente ao lado se não fossem os comentários em blogues de pessoas amigas,que me chamaram a atenção para a sua qualidade. Aqui está mais uma prova da importância dos blogues na divulgação de livros.

Não sei definir o livro quanto ao seu género, poderá, talvez, ser enquadrado como Romance, Romance Histórico ou mesmo Drama. O que sei é que um bom livro pode surgir em qualquer género literário e isso para mim é o mais importante. Um livro muito completo a nível de enredo, com personagens fascinantes e devidamente aprofundadas e claro com uma escrita muito cativante onde a escritora, no final, explica muito bem toda a forma como foi escrito e trabalhado,. É daqueles livros que quanto mais vamos lendo mais ficamos viciados e sem vontade de parar.

No fundo a base do livro é uma espécie de homenagem a duas jovens irmãs que lutaram não só pelo fim da escravatura mas também pelo direito de igualdade da mulher na sociedade americana.

Acaba por ser um livro que nos faz refletir, levanta questões que, se olharmos aos dias de hoje, ficamos abismados, como por exemplo: na época um branco ajudar um escravo negro a fugir dava uma pena de 20 anos de prisão. Só por aqui já podemos ver que tipo de enredo vamos encontrar e ainda assim encontramos histórias de amizade, alegria, luta, sacrifício, sem dúvida que quando damos por nós estamos a torcer pelas vidas de Sara Grimké e de Hetty.

É difícil comentar muito mais sem fazer spoilers, há tantas situações, cruéis, comoventes, mas que no fim nos sentimos felizes e satisfeitos por esta história ter sido contada. Considero ser importante não deixar que este tipo de situações sejam esquecidas, tanta gente que lutou e se sacrificou para que a escravatura e as mulheres tivessem direito à igualdade, logo temos aqui uma mais que justa homenagem.

Só posso recomendar a leitura deste livro muito bonito, não deixem passar algo tão belo ao lado é só o que digo.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Histórias de Aventureiros e Patifes

Sinopse:

RECOMENDAMOS CAUTELA A LER ESTES CONTOS: HÁ MUITOS PATIFES À SOLTA.

Há personagens malandras e sem escrúpulos cujo carisma e presença de espírito nos faz estimá-las mais do que devíamos. São patifes, mercenários e aldrabões com códigos de honra duvidosos mas que fazem de qualquer aventura uma delícia de ler.
George R. R. Martin é um grande admirador desse tipo de personagens – ou não fosse ele o autor de A Guerra dos Tronos. Nesta monumental antologia, não só participa com um prefácio e um conto introduzindo uma das personagens mais canalhas da história de Westeros, como também a organiza com Gardner Dozois. Se é fã de literatura fantástica, vai deliciar-se!

AO LER ESTE LIVRO, ESTARÁ A ASSINAR UM PACTO DE COMUNHÃO COM OS SEGUINTES AUTORES:

Gillian Flynn – autora de Em Parte Incerta
Neil Gaiman – autor de Sandman
Patrick Rothfuss – autor de O Nome do Vento
Scott Lynch – autor de As Mentiras de Locke Lamora
Connie Willis – autora de O Dia do Juízo Final

E MUITAS OUTRAS MENTES PERVERSAS DA LITERATURA FANTÁSTICA.

Opinião:

Quem me conhece sabe que livros de contos não é a minha praia, não significa que não reconheça qualidade e talento em quem escreve neste formato, mas gosto de "histórias" mais longas. Óbvio que podemos ficar deliciados com contos e este livro é sem duvida a prova disso mesmo, não há um conto que não seja bom, claro que podemos gostar mais de uns que de outros mas, de modo geral, estão todos a um bom nível.

Quanto aos contos não vou analisar ao pormenor um a um, mas adorei voltar a ler a escrita empolgante de Scott Lynch, o conto de Neil Gaiman a fazer-me recordar o universo do livro Neverwhere, e Patrick Rothfuss deixou-me com muita vontade de voltar aquela àquela estalagem - que belo conto nos apresentou aqui, fiquei a admirar ainda mais Bast. No entanto, o conto que mais me encheu as medidas foi mesmo o do escritor George R. R. Martin, sem dúvida que Westeros tem muito por onde ser explorado e só é pena que o escritor não termine as Crónicas do Fogo e do Gelo para se poder dedicar a escrever mais sobre o passado de Westeros, adorei ficar a saber um pouco mais sobre os Targaryen e os seus dragões.

Pelo que soube, a editora dividiu este livro de contos, mas sinceramente e desta vez não sinto que o livro tenha ficado curto ou que não tenha ficado plenamente satisfeito, tendo uma introdução do Martin e mais dez contos, ficou excelente. Não quero, porém, dizer com isto que não critique a editora por dividir os livros.

Não foi o melhor livro que li de contos, gostei mais da antologia "Os Anos de Ouro da Pulp Fiction portuguesa" também publicada pela SDE, mas vale muito a pena e sem duvida que muitos vão encontrar contos dos seus escritores favoritos e não irão ficar desapontados.

domingo, 1 de novembro de 2015

Khadija - A Mulher de Maomé de Marek Halter



Sinopse:

"O nascimento do Islão começa por ser a história de uma mulher, Khadija. A primeira mulher do profeta, a mulher que o amava quando ele era apenas um jovem caravanista.
Viúva, bela e rica, Khadija tem de voltar a casar-se para manter o seu lugar na sociedade muito masculina de Meca. Contra toda a expectativa, escolhe um homem pobre, Muhammad ibn ‘Abdallâh. Durante dez anos de felicidade, impõe Muhammad aos poderosos clãs de Meca e forma com ele um casal excepcional, modelo de sabedoria e de moderação.

Durante toda a sua vida Maomé apoiou-se em três figuras eternas da feminilidade: a mãe, a guerreira e a confidente.

Se Khadija não tivesse dito: «Eu acredito», a aventura muçulmana não teria nunca começado. Sem a sua filha mais nova, Fátima, guerreira intransigente, Muhammad não teria conseguido impor o Islão na península arábica. E se Aicha, sua última mulher, não tivesse fielmente transcrito as suas palavras, não conheceríamos o Corão.

As Mulheres do Islão: A nova grande epopeia de Marek Halter"

Opinião:

As minhas leituras mais recentes são a prova de que a minha opção, no inicio do ano, em obter mais duas parcerias como forma de variar as leituras foi uma decisão muito acertada. É verdade que já tenho saudades de bons livros de Fantasia / Ficção Cientifica, mas não me arrependo nada da opção que tomei, e este livro é mais uma excelente prova. “Khadija – A Mulher de Maomé” é o primeiro de uma trilogia escrita por Marek Halter e que, desde já vos posso dizer que passei a admirar, aliás basta ler o que é dito sobre o mesmo, vejam aqui.

Quanto ao livro, uma excelente surpresa, tem tudo o que se gosta nos livros, personagens muito interessantes, que nos cativam, um enredo muito bem pensado e que mesmo terminando de uma forma muito boa, este primeiro volume, deixa já o leitor com muita vontade de ler o livro seguinte, algo que pretendo fazer ainda este ano. A escrita é sem dúvida muito fluída mostrando que estamos na presença de uma pessoa bastante inteligente e com muitos conhecimentos.


O escritor apresenta-nos uma visão muito interessante sobre a origem do Islão, como foi determinante na vida do futuro profeta a sua mulher e claro um relato muito bem conseguido de como se organizavam e viviam os povos neste período, as suas crenças, a sua forma de pensar, a politica, os problemas que os afetaram, como por exemplo a peste negra. O livro mesmo sendo pequeno não deixa de ser muito rico em acontecimentos, fazendo com que a sua leitura se torne muito viciante. 

Não me vou alongar muito mais no comentário, apenas recomendar que não deixem passar mais esta pela pérola pois não é todos os dias que nos aparecem livros deste calibre.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

A Ilha das Mil Fontes de Sarah Lark




Sinopse:


Ilha da Jamaica. Após a morte do seu primeiro amor, Nora, a filha de um comerciante londrino, une-se, através de um casamento por conveniência, a Elias, um viúvo proprietário de uma plantação de açúcar. Contudo, a vida nas Caraíbas não é como Nora sonhara. A partir do assalto noturno à plantação, Nora ver-se-á envolvida nos tumultos provocados pelos escravos rebeldes relacionados com a Avó Nanny, que também fora escrava. Nora perde tudo, exceto a vida e a esperança de encontrar de novo o amor e de decidir livremente sobre o seu futuro.

Opinião:


Depois de ter lido um dos melhores romances que li até hoje, também ele pelas mãos de Sarah Lark, conforme podem ver aqui, parti para mais um livro da escritora com enorme expetativa e sem duvida que estamos na presença de mais um excelente livro. Pelo que percebo trata-se de um livro stand-alone, logo tem outro tipo de desenvolvimentos, embora a “fórmula” seja muito idêntica à anterior, mudando apenas o local do enredo, um passado na Austrália e outro na Jamaica.

Um livro que mexe com os nossos sentimentos, faz-nos sofrer pelas personagens principais e que em determinados momentos nos comove, temos aqui uma excelente escritora de romances, mas que não deixa de efetuar um importante trabalho de investigação que nos permite contextualizar o período em que a ação decorre.

E se é verdade que as personagens estão muito bem desenvolvidas, para mim a grande protagonista do livro é mesmo a Jamaica, tal a forma como nos é dada a conhecer, a forma cruel e selvagem como os escravos provenientes de África eram tratados pelos colonos, as dificuldades que passavam, mas também ficamos a conhecer de uma maneira muito interessante o que é o atual Jamaicano, as suas origens, as suas formas de pensar, tradições e como uma ação tão banal para um colono pode ser algo tão relevante para eles, mas prefiro não entrar em muitos pormenores para não libertar spoilers.

Apenas posso dizer que muitos dos elogios que fiz ao livro No Pais das Nuvens Brancas, encontram-se aqui bem patentes, embora neste romance a história tenha terminado mesmo. Amor, ódio, amizade, tragédia, luta pela vida, este livro compreende muitos ingredientes para quem goste de um bom romance.

Tem tudo o que pretendemos quando queremos ler um romance: que nos arrebate, que nos emocione, que nos faça sofrer, ao mesmo tempo uma história forte, cativante que nos faça ansiar por ler mais e mais. Acima de tudo, que nos deixe plenamente satisfeitos.



sexta-feira, 23 de outubro de 2015

História de Aventureiros e Patifes



Sinopse

RECOMENDAMOS CAUTELA A LER ESTES CONTOS: HÁ MUITOS PATIFES À SOLTA.

Há personagens malandras e sem escrúpulos cujo carisma e presença de espírito nos faz estimá-las mais do que devíamos. São patifes, mercenários e aldrabões com códigos de honra duvidosos mas que fazem de qualquer aventura uma delícia de ler.
George R. R. Martin é um grande admirador desse tipo de personagens – ou não fosse ele o autor de A Guerra dos Tronos. Nesta monumental antologia, não só participa com um prefácio e um conto introduzindo uma das personagens mais canalhas da história de Westeros, como também a organiza com Gardner Dozois. Se é fã de literatura fantástica, vai deliciar-se!

AO LER ESTE LIVRO, ESTARÁ A ASSINAR UM PACTO DE COMUNHÃO COM OS SEGUINTES AUTORES:

Gillian Flynn – autora de Em Parte Incerta
Neil Gaiman – autor de Sandman
Patrick Rothfuss – autor de O Nome do Vento
Scott Lynch – autor de As Mentiras de Locke Lamora
Connie Willis – autora de O Dia do Juízo Final 

E MUITAS OUTRAS MENTES PERVERSAS DA LI ERATURA FANTÁSTICA.

Críticas

"Não há uma única história má neste conjunto... Só o índice deixa a salivar os fãs de todos os géneros!"
-Library Journal


Ora aqui está algo que quero ler sem duvida tem a participação de grandes nomes da literatura fantástica, logo seja o primeiro de muitos. Curiosos ?

terça-feira, 13 de outubro de 2015

"Guerra e Paz" de Lev Tolstoi




Sinopse:

A OBRA-PRIMA DE UM DOS GIGANTES DA LITERATURA UNIVERSAL

Guerra e Paz é o verdadeiro clássico da literatura universal. No início do século XIX, a Rússia é devastada pelos exércitos de Napoleão e as vidas de homens e mulheres cruzam-se num tecido narrativo deslumbrante. Tanto as vidas mais mundanas como os faustosos bailes, as tramas políticas ou as violentas campanhas bélicas do Czar Alexandre são trabalhadas com o realismo e limpidez que caracterizam o génio de Lev Tolstoi. Sempre presentes estão as desigualdades sociais e os caprichos de uma aristocracia vã e indiferente à miséria e ao sacrifício.
Esta é uma obra intemporal que condensa toda a condição humana, simultaneamente romance histórico, bélico e filosófico, e propõe acutilantes reflexões sobre os temas que nos movem e comovem: a vida, o sacrifício, a liberdade, a justiça, o amor e a honra.

Opinião:



Um romance aclamado, por muitos, como o melhor de sempre. Foi várias vezes publicado e com várias adaptações ao cinema, logo qualquer pessoa que tenha oportunidade deve lê-lo, embora admita que não é uma leitura fácil.

Devo dizer que este livro me deixa um pouco dividido, gostei muito da escrita, repleta de sarcasmo ao longo de toda a obra e que retrata de forma critica o período das invasões francesas, sendo que o resultado é um enredo muito bem desenvolvido sob esse aspeto. Pode-se mesmo dizer que estamos na presença de um dos melhores romances históricos que já li tal a forma bem descrita e detalhada que obra apresenta, isso foi do que mais me agradou.

Por outro lado considerei a obra demasiado descritiva, eu compreendo que é muito importante por vezes descrever-se devidamente uma personagem, um período do enredo para que possamos ter o devido enquadramento. Adoro isso, por exemplo, no escritor Dan Simmons, mas aqui achei demasiado excessivo. Por outro lado existem vários núcleos onde ação se passa, imensas personagens o que acaba por dificultar e muito o conseguirmos entrar na "história". Só mesmo a mais de meio do livro é que comecei a perceber melhor o enredo. Depois temos as personagens, não nos conseguem cativar, são pouco desenvolvidas e não chegamos a criar empatia com elas, mas ainda assim gostei de André, Peter e a família dos Rostov. Se a tudo isto juntarmos a pouca ação ao longo de toda a escrita, não o posso considerar como “um livro que me enche as medidas”.

Mas sem duvida que é uma obra notável, rica, complexa, onde é retratado uma visão social bastante bem conseguida e uma crítica à hipocrisia de valores e atitudes da classe mais alta da sociedade. Abrange imensas questões complexas, a nível social, moral, económicas e mesmo humanas, tornando a obra rica.

Tenho esperanças que o II volume desenvolva melhor o enredo, que as personagens se tornem mais complexas e que sintamos mais empatia por elas e claro que encontre mais ação, drama, emoção, romance, que acabe por ajudar a tornar a leitura mais compulsiva.


quinta-feira, 1 de outubro de 2015

"A Última Noite de um Tirano" de Yasmina Khadra



Sinopse:

«Durante muito tempo acreditei que incarnava uma nação e que obrigava os poderosos deste mundo a ajoelharem-se perante mim (...)»

Uma personalidade tão terrível como Muammar Abu Minyar al-Gaddafi não poderia passar desapercebido a Yasmina Khadra que com este mergulho vertiginoso na mente de um tirano sanguinário e megalómano, nos traça o retrato universal de todos os ditadores depostos e desvenda os móbeis mais secretos da barbárie humana.


Opinião:

Mais um bom livro deste escritor, no entanto diferente do habitual. Aqui acompanhamos a mente de um personagem, sem dúvida, uma grande personalidade, basta que consultem a informação disponibilizada sobre Muammar Gaddafi, para perceber o quanto complexo foi este ditador.

O livro acompanha a parte final da vida de Gaddafi, no momento em que é capturado e se for verdade, acabamos por ficar a conhecer muito mais sobre a personagem. Gostaria que tivesse sido muito mais desenvolvido, sabermos mais sobre o seu passado, a sua família, os seus luxos e por ai fora, mas não quer dizer com isto que não se tenha ficado com a ideia de como a sua mente funcionava. Por outro lado achei o tempo de acção curto, uma vez que todo o livro decorre no local onde estava escondido, a fuga desse local e a sua captura.

Mas tem tudo o que distingue o escritor, uma excelente escrita, um enredo bem desenvolvido e personagens complexas.

Embora seja um bom livro, se alguém deseja conhecer este escritor argelino não posso deixar de recomendar o seu livro "Os Anjos Morrem das Nossas Feridas" para mim e até ao momento o seu melhor livro.

Mas sem dúvida que estamos na presença de um bom livro, e despensa mais palavras … é Yasmina Khadra.



quarta-feira, 30 de setembro de 2015

A Ilha das Mil Fontes de Sarah Lark - Divulgação Marcador


Sinopse:

Ilha da Jamaica. Após a morte do seu primeiro amor, Nora, a filha de um comerciante londrino, une-se, através de um casamento por conveniência, a Elias, um viúvo proprietário de uma plantação de açúcar. Contudo, a vida nas Caraíbas não é como Nora sonhara. A partir do assalto noturno à plantação, Nora ver-se-á envolvida nos tumultos provocados pelos escravos rebeldes relacionados com a Avó Nanny, que também fora escrava. Nora perde tudo, exceto a vida e a esperança de encontrar de novo o amor e de decidir livremente sobre o seu futuro.

Fico muito contente em ver a editora apostar nesta escritora, estará disponível em outubro/2015 

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Bem-vindo Outono




Uma vez que "Guerra e Paz" do Tolstoi está a dar uma grande luta e ainda vai demorar aqui faço esta mensagem a desejar as boas vindas ao Outono, não é a minha estação favorita mas proporciona grandes momentos fotográficos :D 

Gostam desta estação ?

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Novidades Editora Bizâncio



«Durante muito tempo acreditei que incarnava uma nação e que obrigava os poderosos deste mundo a ajoelharem-se perante mim (...)»

Uma personalidade tão terrível como Muammar Abu Minyar al-Gaddafi não poderia passar desapercebido a Yasmina Khadra que com este mergulho vertiginoso na mente de um tirano sanguinário e megalómano, nos traça o retrato universal de todos os ditadores depostos e desvenda os móbeis mais secretos da barbárie humana.


«Um livro pleno de força e beleza. A voz de um grande escritor.» 
Lire 

«O meu tio dizia-me: ‘Se uma mulher te amar, e se tiveres a presença de espírito para avaliar a extensão desse privilégio, nenhuma divindade te chegará aos calcanhares.’ Orão sustinha a respiração nessa Primavera de 1962. A guerra iniciava as suas derradeiras loucuras. Eu procurava Émilie. Tinha medo por ela. Tinha necessidade dela. Amava-a e regressava para lho provar. Sentia-me capaz de enfrentar furacões, trovões, todos os anátemas e as misérias do mundo inteiro.» 

Yasmina Khadra oferece-nos neste livro um grande romance da Argélia colonial (entre 1936 e 1962) — uma Argélia torrencial, apaixonada e dolorosa — e lança uma nova luz, numa escrita soberba e com a generosidade que se lhe reconhece, sobre a separação atroz de duas comunidades apaixonadas por um mesmo país.





Pela primeira vez, um grande romance arrasta o leitor para a aventura extraordinária da terceira religião monoteísta.
O nascimento do Islão começa por ser a história de uma mulher, Khadija. A primeira mulher do profeta, a mulher que o amava quando ele era apenas um jovem caravanista. 

Durante toda a sua vida, Muhammad ibn ‘Abdallâh (Maomé), apoiou-se em três figuras eternas da feminilidade: a mãe, a guerreira e 
a confidente. 
Sem a inteligência e coragem destas «mães dos crentes», assim são referidas no Corão, jamais o seu legado espiritual teria chegado até nós. 

Marek Halter homenageia o papel preponderante que as mulheres desempenharam na origem do Islão.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

O Herói das Eras - Saga Mistborn - Nascida nas Brumas de Brandon Sanderson




Sinopse:

QUEM É O HERÓI DAS ERAS?

Para pôr fim ao Império Final e restaurar a harmonia e a liberdade, Vin matou o Senhor Soberano. Mas, infelizmente, isso não significou que o equilíbrio fosse restituído às terras de Luthadel. A sombra simplesmente tomou outras formas, e a Humanidade parece amaldiçoada para sempre.

O poder divino escondido no mítico Poço da Ascensão foi libertado após Elend e Vin terem sido ludibriados. As correntes que aprisionavam essa força destrutiva foram quebradas e as brumas, agora mais do que nunca, envolvem o mundo, assassinando pessoas na escuridão. Cinzas caem constantemente do céu e terramotos brutais abalam o mundo. O espírito maléfico libertado infiltra-se subtilmente no exército do Imperador Elend e os seus oponentes. Cabe à alomante Vin e a Elend descobrir uma forma de o destruir e assim salvar o mundo. Que escolhas irão ser ambos forçados a tomar para sobreviver?

Opinião:

Este livro foi uma agradável surpresa, não estava à espera de gostar tanto, mais a mais depois de ter ficado um pouco desiludido com o livro anterior, mas neste volume o escritor volta a mostrar o porquê de ser um dos nomes mais consagrados da atual literatura fantástica.

Tudo me agradou no livro, em especial o enredo, onde de forma subtil o escritor foi sempre dando informações sobre acontecimentos passados para dar consistência ao universo criado, para além da escrita, mas essa já sabia que gostava e claro, as personagens, que embora não tenhamos conhecido muitas para além das já existentes, foram bem exploradas e bem desenvolvidas. Gostei imenso do crescimento de várias, mas a personagem Susto foi a que mais me surpreendeu.

Gostei muito de perceber melhor o que está em jogo, as pontas começam a ser atadas para oferecer-nos um grande final e adorei a "entidade maligna" que está por trás de tudo, aparece de forma subtil, mostrando ser muito inteligente, sabendo mexer bem os cordelinhos, mas prefiro não me alongar muito para não efetuar nenhum spoiler e claro, no próximo livro já comentarei melhor a trilogia como um todo.

Agora fico com a sensação é que, por mais guerras que possam existir, a forma de dar a volta à entidade maligna será sempre pela perspicácia, procurando nela uma falha, do que pela força e isso, claro, agrada-me.

Trata-se de um livro repleto de mistérios, jogos políticos com personagens muito astutas, que mexem com os nossos sentimentos, que nos deixa ansiosos por saber o que vem a seguir, logo torna esta trilogia mais do que recomendada para quem goste de fantasia e que apresenta um sistema de magia muito inovador e intrigante, para mim dos pontos mais altos dos livros.

Já agora, e como nota final, gosto da forma como o Sanderson deixa um resumo dos acontecimentos dos livros anteriores, sempre importante para que nos possamos enquadrar de imediato na leitura do livro.

Que venha depressa o final da trilogia, porque ela está ao rubro.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Sem regras de John Sandford



Sinopse:

O assassino era inteligente. Era membro da Ordem dos Advogados. Deduzia regras com base numa análise profissional de casos reais:Nunca mates alguém que conheces. Nunca tenhas um motivo. Nunca sigas um padrão identificável. Nunca andes com uma arma depois de ter sido usada. Cuidado para não deixares indícios físicos. Havia mais. Integrava-as num desafio. Era louco, claro…

Opinião:

Já tinha saudades de ler um policial e embora este livro não me tenha enchido as medidas, não deixou de ser uma leitura bem agradável, com suspense e mistério, um assassino inteligente que está sempre um passo à frente, mas como seria previsível mais cedo ou mais tarde será capturado.... será mesmo? Bem leiam não vos vou dizer algo tão importante. 

Nos policiais prefiro não conhecer o assassino, prefiro seguir a investigação de um detetive ou de uma equipa, as suas pesquisas e descobertas, as suspeitas que são lançadas sobre várias personagens, fazendo com que ao longo da leitura vamos tentando descobrir quem será que está por trás de tudo, ficamos mais desconfiados, empolgados e claro que curiosos.

Não é o caso deste livro, aqui sabemos quem é o assassino, acompanhamos os seus assassinatos, enquanto que paralelamente vamos seguindo a investigação que vai decorrendo para tentar sua a captura. Sendo diferente do habitual, não digo que não seja uma boa formula mas acaba por se tornar tudo um pouco mais previsível. Ainda assim gostei do desenvolvimento das personagens, quer as principais, embora não ache muito normal o policia / investigador principal andar de Porsche e ser mulherengo, bem como das secundárias.

Gostei do enredo e da forma como se chega ao final do livro e claro a escrita também nos cativa, deixa-nos sempre com vontade de ler mais e mais para tentar desvendar como tudo irá ser concluído, mas isso é o normal num bom policial.

Como negativo tenho que apontar a má revisão do livro, registei vários erros, que desconcentram um pouco a leitura e que não é nada normal encontrar num livro da Editora Marcador, mas pronto por norma é mais normal repararmos nestes erros do que escrever algo de positivo quando tudo está bem (na verdade a tradução/revisão é algo que está incluído no preço de um livro, mas também fica bem elogiar quando está bem feita).

Um livro que recomendo em especial de quem é adepto deste género literário, proporcionou-me uma boa leitura e acima de tudo deu para variar um pouco as minhas leituras.


quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Rainha Vermelha de Victoria Aveyard (divulgação SDE)



Sinopse:

A sua morte está sempre ao virar da esquina, mas neste perigoso jogo, a única certeza é a traição num palácio cheio de intrigas. Será que o poder de Mare a salva... ou condena? 

O mundo de Mare, uma rapariga de dezassete anos, divide-se pelo sangue: os plebeus de sangue vermelho e a elite de sangue prateado, dotados de capacidades sobrenaturais. Mare faz parte da plebe, os Vermelhos, sobrevivendo como ladra numa aldeia pobre, até que o destino a atraiçoa na própria corte Prateada. Perante o rei, os príncipes e nobres, Mare descobre que tem um poder impensável, somente acessível aos Prateados. 

Para não avivar os ânimos e desencadear revoltas, o rei força-a a desempenhar o papel de uma princesa Prateada perdida pelo destino, prometendo-a como noiva a um dos seus filhos. À medida que Mare vai mergulhando no mundo inacessível dos Prateados, arrisca tudo e usa a sua nova posição para auxiliar a Guarda Escarlate – uma rebelião dos Vermelhos – mesmo que o seu coração dite um rumo diferente.


Viva,
Como sabem não sou muito de fazer divulgações, mas o meu coração vermelho (SLB) não resistiu a divulgar este livro, até porque me parece ser interessante, se tiver oportunidade vou ler.

Disponível a partir de 25/09/2015, caso queiram ler um excerto do livro podem ler aqui

O Médico de Córdova de Herbert Le Porrier



Sinopse:

Em Córdova, na Andaluzia, o turista ainda hoje pode ver o busto em bronze de uma personagem de rosto emaciado e olhar de águia: a inscrição diz-nos que se trata de Moisés Maimónides, médico judeu, nascido em 1135 nessa cidade, na época em que ela atingira o seu apogeu. Ali viviam em harmonia árabes, cristãos e judeus, oferecendo ao mundo um modelo nunca mais igualado de civilização e de tolerância. Aquele a quem os escolásticos cristãos dariam o nome de «Águia da Sinagoga» por ter tentado, antes de Tomás de Aquino, conciliar a Bíblia e Aristóteles, foi forçado ao exílio devido ao fanatismo dos novos conquistadores árabes. Expulso da Palestina pelos Cruzados, acabou os seus dias no Cairo, como médico e amigo do sultão Saladino, e também enquanto médico dos pobres. Morreu em 1204, tendo deixado uma obra filosófica e científica que iria brilhar ao longo dos séculos por todo o Ocidente. O Médico de Córdova é o romance da sua vida apaixonante.

Opinião:

Este foi um dos livros que comprei este ano na feira do livro de Lisboa e revelou-se uma boa aposta, aliás quem ler a sinopse fica já com uma boa ideia do que o livro tem para oferecer. Rico no enredo, acompanha o percurso de um dos grandes personagens do período de referência. 

Não é uma leitura fácil, pois a ausência de diálogos e algumas reflexões filosóficas torna o livro algo descritivo, o que obriga o leitor a estar muito concentrado para não perder o fio à meada. No entanto, todos estes elementos que à partida possam parecer mais desmotivadores são bastante importantes para um fiel retrato da época e claro que para o aprofundar das personagens, nomeadamente de Moisés Maimónides, um personagem cativante e muito evoluído para a época em que viveu.

O livro é escrito de uma forma auto-biográfica, onde acompanhamos as viagens de Moisés, a sua evolução enquanto pessoa e pensador, os conflitos políticos, sociais e religiosos da época.

Um livro que recomendo, em especial a quem é amante de um bom romance histórico, de quem se interesse por saber mais sobre a história da Península Ibérica.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Leitura masculina versus Feminina



Viva,

O escritor Emílio Miranda fez-me o seguinte comentário que achei interessante para  debate:

"Julgo que existem livros mais masculinos e outros mais femininos (com isto quero dizer capazes de cativarem mais um público ou outro) e eu tenho para ambos os públicos, e o interessante é perceber os pormenores que as mulheres valorizam e os pormenores que os homens valorizam. É interessante. Julgo que daria outro bom tema de conversa: livros mais masculinos e livros mais femininos: que características devem ter uns e outros e de que forma é possível fundir as duas."

Um bom tema de debate que dá pano para mangas :D, penso que a escritora Juliet Marillier é um bom exemplo de como se pode fundir os dois interesses, pois os seus livros apresentam bons romances com personagens complexas e um enredo muito rico.

Que vos parece ? 

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

O Livro dos Mosquetes de Emílio Mranda




Sinopse

Um encontro de culturas, uma viagem no tempo, um relato de várias paixões. O Livro dos Mosquetes é um pedaço da gloriosa História de Portugal.


Em pleno século XVI, quando o Império Português atingia o seu auge, um junco com marinheiros portugueses naufraga numa praia desconhecida. Sem o saberem, acabam de confirmar a existência de uma terra que só existia nas lendas: a Terra do Sol Nascente, o Japão. Deste inesperado contacto resulta a descoberta de um mundo tão diferente que parece arrancado dos sonhos: um mundo ordeiro e magnificamente belo, habitado por um povo cujos guerreiros – os samurais – superam em dignidade e crueldade, tudo quanto os portugueses haviam visto até então. Depois do junco português ser reparado, parte de novo para o Mar da China. Mas nada voltará a ser igual, nem para os marinheiros que partem com a notícia para o rei português, nem para João Boavida, o marinheiro que, apaixonado pelo Japão e por uma misteriosa mulher, decide ficar. Mas a maior mudança será para a própria Terra do Sol Nascente que, enfeitiçada pelos mosquetes que os portugueses trazem, nunca mais será a mesma.
 

Opinião:

Fiz bem em apostar num Romance Histórico publicado pela Saída de Emergência, pois como previ, no meu mais recente comentário, a Editora faz grandes apostas neste género e este livro foi sem duvida mais uma agradável surpresa, mais a mais escrito por um escritor nacional e com um português como protagonista.

Já conhecia o talento do Emílio Miranda, mas mais uma vez sou surpreendido com a qualidade apresentada, pois escrever um livro sobre o Japão e da forma como foi escrita exigiu seguramente muito trabalho de pesquisa e claro mostra ser um escritor inteligente.

Para mim a mais valia é mesmo a forma muito consistente com que o escritor retrata as diferenças entre culturas, os costumes, as tradições, a forma de ser e de estar. De um lado, um povo aventureiro e o modo de empreender as suas descobertas; em contraste, um povo muito isolado e defensor das suas tradições.

Adorei a forma como o livro é descrito, tudo bem retratado e sem quebras de ritmo, apresentando vários pontos de vista e achei deliciosas as considerações que João Boavida ia descrevendo de tudo o que via e aprendia. Muito curiosa a forma como, com o decorrer do tempo, este personagem acaba por se adaptar à cultura japonesa, mesmo com os contrastes evidentes entre ambas as culturas, e penso que o livro teve um final muito bem conseguido.

Até pode ser um livro considerado um pouco descritivo, mas sem duvida que tem tudo o que mais gosto neste tipo de livros, um enredo bem construído, personagens complexas e interessantes e uma escrita fluída e inteligente, seguramente um dos melhores romances históricos que tive o prazer de ler.

Penso estar encontrado o melhor livro que li este ano da Editora, os meus mais sinceros parabéns ao Emílio Miranda que sem duvida me surpreendeu pela positiva e claro, espero que me continue a deliciar com livros desta qualidade. Não restam dúvidas que há talento entre os nossos escritores.

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Novo felino em casa




Viva,

Apresento-vos a novo membro cá de casa, conforme tinha prometido em agosto ia arranjar um e calhou este, estamos encantados :)

Bem sei que não substitui o anterior, ficou com o mesmo nome e é sem duvida uma bela pestinha :D

Agradecido à amiga Caminhante pela ajuda e claro a todos os que me apoiaram a ultrapassar a perda do anterior. 

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Processo de escrita Bruno Martins Soares




Viva,

Partilho mais um processo de escrita, de um escritor que muito admiro e um livro que simplesmente adorei, vale bem a pena podem ter a certeza, pois é um misto de FC com fantasia e com muito do misterioso oriente presente :)

Há talento nos escritores nacionais, acreditem...espero que gostem ;)

Podem ler o resumo do livro aqui


Escrevi durante muitos anos até perceber que tinha um processo. Esta percepção permitiu-me trabalhar com maior tolerância para com as minhas fraquezas e ter mais prazer na escrita. Devo dizer que hoje em dia trabalho muito em diversos tipos de escrita que têm processos e dificuldades um pouco diferentes: romances, teatro e cinema. Não vou referir-me à escrita de contos, que tem um processo específico e a maior parte das vezes escrevo de enfiada. 

Deixem-me, então, fazer-vos um panorama.

Eu sou relativamente prolífico em termos de ideias. Várias vezes por mês me vêm ideias interessantes de projectos para escrever, e anoto-as a maior parte das vezes, embora descarte e não pegue na maioria delas. Normalmente, no entanto, se estou entusiasmado com uma ideia, começo muito rapidamente a escrever: as primeira páginas ou cenas. Este é o meu modo de me apaixonar pelos projectos, permitindo-me sentir o estilo e as personagens. Escrevo dez, vinte páginas imediatamente. No entanto, rapidamente abandono o projecto: não por falta de vontade de investimento, mas porque no momento em que percebo que vou levar este projecto a sério, a estrutura ganha importância. E assim posso passar muitos meses ou anos simplesmente a brincar com as personagens, e os mundos e as cenas, na minha cabeça, a delinear o enredo cuidadosamente, a pesquisar todo o tipo de referências e características disto ou daquilo. Isto pode ser frustrante, no sentido em que não é pouco usual os meus projectos levarem mais de uma década a virem para o papel. Sim, eu disse década. Não estou a brincar. Tenho, neste momento, na minha cabeça, vários projectos que irão demorar mais de uma década a concretizar. Mas uma coisa que aprendi é que sou persistente e se os projectos forem suficientemente bons, vão-se concretizando.

Uma consequência interessante desta demora e deste cuidado é que acabo por re-escrever pouco. Quando escrevo já escrevo muito perto da forma final, embora esteja constantemente a rever tudo o que está escrito dos projectos que tenho em andamento. Uma outra característica deste processo aparentemente interminável é que tenho sempre vários projectos em andamento.

Agora algumas diferenças entre as formas. A escrita mais técnica que conheço é a escrita de argumentos para cinema ou televisão. Aqui, a estrutura é mais importante o que nunca, pois quando for o momento de filmar e mudar uma coisa ou outra, é preciso que o todo seja muito consistente e aguente a violência de ser trabalhado por dezenas e dezenas de pessoas criativas. Assim, para os argumentos, uso normalmente três instrumentos específicos: a Beat Sheet de Snyder permite-me ter o esqueleto da estrutura em 15 beats muito bem definidos; o Step-outline permite-me definir os músculos e a carne da estrutura; e, por fim, quando vou finalmente escrever as cenas faço-o com um programa de escrita de argumentos que ajuda na formatação – no meu caso, o Final Draft.

Quando escrevo romance, por vezes também uso a Beat Sheet, que pode ser muito útil, mas de uma forma ou outra, a estrutura tem de ficar muito clara na minha cabeça antes de escrever o grosso do texto. Quando não está, ou no processo de escrita verifico que tenho de a mudar, o normal é bloquear e não voltar àquele projecto sem que tenha conseguido resolver o problema estrutural. Quando, no entanto, estou bem preparado e é altura de escrever, uso muito a visualização. Uma visualização cada vez mais concreta. Ou seja: penso muito no que quero escrever e em como quero escrever. Vou ao pormenor de pensar na frase em concreto ou num diálogo específico. Se, por acaso, isto me surgir fora de tempo, me ocorrer um diálogo que quero explorar mais à frente, por exemplo, é frequente escrever cenas em notas à parte que depois irei buscar. Assim, parto para a escrita. Normalmente de madrugada ou no início da manhã, embora possa ocorrer em qualquer altura do dia, na verdade. Não gosto de ser interrompido, por isso acabo por escrever em momentos em que as interrupções são menos prováveis.

As peças de teatro normalmente têm uma estrutura mais fluida e mais simples do que os argumentos e os romances, da maneira como as escrevo, e dependem muito mais do conceito e das personagens. Tenho de sentir muito bem as personagens e escrevo mais ao correr da pena. É um meio e um estilo que gostaria de explorar muito mais no futuro, mas não para já.

Pronto, e é isto. Tento escrever todos os dias, mas mesmo quando não estou a escrever ao computador estou a explorar e a pensar na escrita, e a planear e a pesquisar e a elaborar. Assim, é um trabalho diário e mais intenso do que se possa pensar. Durante bastante tempo senti-me culpado por não escrever mais palavras por dia, mas comecei a perceber que estava a trabalhar bastante de qualquer modo e que estava a produzir com alguma regularidade. Nos últimos seis meses, por exemplo, terminei um romance, entrei no último terço da escrita de outro, escrevi uma pequena peça de teatro, um guião para uma longa-metragem cinematográfica e afinei o guião para um piloto para televisão que produzi. Por isso, embora este processo pareça frustrante – e não o aconselho a ninguém, garanto – parece estar a funcionar.

Se estiverem interessados em saber mais sobre técnicas e conhecimento de escrita de argumentos, contactem a escola Act for All, onde dou algumas workshops sobre o assunto. É o tipo de escrita que desaconselho vivamente tentarem sem know-how específico. Mas é muito aliciante, digo-vos.