sexta-feira, 29 de maio de 2015

O que ler a seguir ?

Viva,

Ando numa fase de ler pouco, não sei se é por ter umas mini-ferias à porta e tenho estes 4 meninos para ler e sinceramente nem sei por qual começar, sugestões aceitam-se.

Também vos acontece andarem numa fase de terem pouca vontade de ler ?






terça-feira, 26 de maio de 2015

Fim de semana em Avô, Piodão e Foz de Égua

 Algures na Ilha do Picoto, Avô
 Ilha do Picoto, Avô
 Piodão, local mágico
 Avô com uma paisagem fantástica
 Foz de Égua, um paraíso
Rouxinol em Avô, merece aparecer pelos pelos momentos proporcionados


Viva,

Não só nos livros percorremos universos fantásticos e deslumbrantes, deixo aqui a prova que no nosso país temos locais lindos e que só posso recomendar que visitem, vale bem a pena.

Isto sim belo fim de semana, descansar, belos mergulhos no rio Alva, caminhar, conviver com a família e claro contemplar belas paisagens.

Só por curiosidade foi a minha estreia da nova máquina fotográfica e fiquei muito satisfeito, embora nem a exploro a 10%, mas chega bem, logo que tiver mais novas partilho :D

Espero que gostem e claro quem já conhece sabe que vale bem a pena ;)

terça-feira, 19 de maio de 2015

"O Atentado" de Yasmira Khadra


Sinopse:

Num restaurante cheio em Telavive, uma mulher faz explodir a bomba que dissimulava debaixo da sua túnica de grávida. Durante todo o dia, o doutor Amine, israelita de origem árabe, opera em cadeia as inumeráveis vítimas desse atentado atroz. A meio da noite é chamado de urgência ao hospital, onde lhe explicam brutalmente que o bombista suicida foi a sua própria mulher. 

Era preciso a audácia de Yasmina Khadra para ousar abordar o tema das relações israelo-árabes, o drama dos atentados terroristas. Neste romance extraordinário, reencontramos toda a generosidade de um escritor que não cessa de nos espantar pelo seu imaginário e pelo seu humanismo.


Opinião:

Como já sabem sou um grande admirador deste escritor! Quantos mais livros seus vou lendo mais o admiro, pois além de ser muito bom a construir personagens, de ter uma escrita muito própria, tem uma riqueza de enredos impressionante. Já tinha lido sobre África, agora tudo se passa no médio-oriente e no conflito entre Israel e a Palestina. 

Penso que a sinopse já nos elucida sobre o muito que o livro tem por oferecer e embora o seu início não estivesse a cativar por ai além, com o avançar da leitura acabei por ficar completamente vidrado e li-o de uma forma compulsiva. Sobretudo é a partir do momento em que o nosso protagonista Amine se desloca a Belém na tentativa de perceber o que poderá estar por trás das motivações que levaram a sua esposa a praticar o atentado, que começamos a ficar presos e o que ele descobre....leiam :)

Gostei da forma como o escritor nos consegue dar uma visão ampla do problema, embora seja contra todo o tipo de terrorismo, compreendo que numa sociedade pobre, descriminada, muitas vezes até humilhada, seja fácil encontrar elementos que dêem a sua própria vida por uma causa e nesse sentido penso que ficamos com uma ideia geral das causas que podem levar a este tipo de ação.

Sinceramente não entendo como não se consegue chegar a entendimento nos dias de hoje, a base deste conflito é a ocupação de territórios, não é possível resolver-se? Infelizmente em nome de interesses de uma indústria militar, continua a morrer tanta gente sem sentido, é triste.

Um livro que não é de fácil leitura mas que acaba por ser muito bom, pena que não esteja já disponível para venda no site da Editora.

Arrisquem a ler este escritor é sem dúvida excelente e já um dos meus preferidos.

Passatempo "O Pacifico de Lés-a-Lés" de Michael Palin




Sinopse:

Michael Palin viajou por dezoito países do Pacífico, o maior oceano do mundo. Desde caçadores de cabeças em Bornéu até uma refeição de gusanos no México, o seu itinerário leva-o a alguns dos locais politicamente mais instáveis e fisicamente mais exigentes que existem à face da Terra. Escala uma das Montanhas Sagradas da China, navega entre icebergues no Chile e comove-se nas margens do Amazonas, nesta espectacular viagem de contrastes, dramatismo e beleza.

Viva,

Mais um passatempo, desta vez com o apoio da Editora Bizâncio ao qual desde já agradeço a disponibilidade.

Para participarem basta irem ao site da Editora, aqui responderem corretamente à pergunta abaixo indicada:


- Quantos livros já foram publicados pela editora deste escritor ?

Enviem a resposta para o mail paulodores123@gmail.com com o vosso nome de seguidor do blog e respetiva morada.

- O passatempo decorre até dia 29 de maio sendo o vencedor contactado por mail, sendo anunciado aqui no blog.
- Só são aceites participações de Portugal (continente e ilhas).
- Só é aceite uma participação por pessoa. Participações duplicadas serão desqualificadas sem aviso.


Boa sorte a todos!

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Bicampeonato - SLB




Viva,

O corvo alem de livros, gosta de futebol e nada como começar a semana e dar os parabéns ao SLB pela conquista do bicampeonato.

Não foi fácil, depois da razia no plantel com a venda de vários jogadores verificada na época anterior, mas que permitiu um encaixe financeiro como nunca tinha visto. Penso que a conquista deste campeonato é o resultado da boa gestão que o clube fez nos últimos anos.

Apenas falta aproveitar o que de bem se tem produzido nos escalões da formação, mas pronto isso agora são outras questões.

Parabéns também ao FCP, fez um forte investimento, contratou excelentes jogadores o que só vem valorizar a nossa conquista.

Penso ser útil para o futebol nacional haver disputa até ao último momento.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

"OS Factos da Vida" de Graham Joyce



Sinopse:

Sete irmãs extraordinárias vivem juntas sob a sombra da guerra, unidas pela lealdade, pelo amor, pelo medo e pela esperança. Até que chega uma noite alucinante em que Luftwaffe arrasa Coventry. No meio das tempestades de fogo que se propagam pela cidade, a filha mais nova experimenta um despertar mágico que resultará, anos depois, no nascimento de uma criança. Após o fim da guerra, os percursos das irmãs divergem, mas permanecem atraídas por esta criança extraordinária. À medida que o rapaz cresce, as circunstâncias conspiram para pôr à prova as suas lealdades mútuas, enquanto abrem o pano dum mundo de eventos verdadeiramente espectaculares.

Excerto:

"Cassie é instável, Cassie é meio louca, Cassie é a última rapariga à face da Terra preparada para cuidar de uma criança. Nisso todos estão de acordo. Mas quando Cassie regressa à casa da família, vêem-na com o filho nos braços como uma trouxa, e calam-se."

Opinião:

Este foi o segundo escritor que tive o prazer de conhecer publicado pela Editora Bizâncio e se Yasmine Khadra me encheu as medidas, Graham Joyce acaba por ser mais uma excelente descoberta, pois embora este livro não me tenha enchido tanto as medidas, ainda assim é um livro muito bom, bem escrito e bem estruturado.

O autor relata-nos a vida de Martha Vine e das suas sete filhas, na cidade britânica de Conventry no período da segunda guerra mundial. Todo o enredo é  rico e muito bem desenvolvido, centrando-se em Frank, filho de Cassie,  que por decisão da sua avó acaba por viver a percorrer todos os membros da família uma vez que a sua mãe, é vista como não tendo condições de cuidar da criança. E é neste constante rodar que Frank irá aprender as suas lições de vida que são várias, dada a diversidade de personalidades de cada um dos membros da família em que irá viver.

Sem dúvida que o livro apresenta um enredo riquíssimo, onde, entre muitas outras questões nos são relatadas no decorrer do livro, é feita uma critica à classe politica que se considera intelectual, bem como um mostrar do lado sexual do ser humano sem pudor, sempre bem descrito.

Considero no entanto que a grande força do livro são as suas excelentes personagens, bem desenvolvidas, complexas e no fundo bastante reais, mostrando as suas virtudes bem como as suas fraquezas. São várias as que me encheram as medidas, mas a que mais me cativou foi mesmo a matriarca da família, Martha Vine.

Um livro que nos fala de amor, de família, guerra e magia, escrito de forma madura, bem estruturada existindo equilibro entre o romance e a parte histórica. Tem um final muito bem conseguido e que nos deixa tristes por ter acabado, tal a forma como nos prende.

Plenamente satisfeito com a leitura do livro, quero conhecer mais obras do autor e claro só posso recomendar a leitura deste livro.

Novidades Bizâncio


Sinopse:

Uma jovem estudante é encontrada assassinada na floresta de Baïnem, perto de Argel. Uma mulher, Nora Bilal, é encarregada de conduzir a investigação, longe de pensar que a sua rectidão é um perigo mortal num país entregue aos tubarões de águas turvas. 

Que Esperam os Macacos é uma viagem pela Argélia de hoje onde o Mal e o Bem se sentem constrangidos no meio dos malefícios naturais dos homens.

Podem ler um excerto aqui


Sinopse:

Michael Palin viajou por dezoito países do Pacífico, o maior oceano do mundo. Desde caçadores de cabeças em Bornéu até uma refeição de gusanos no México, o seu itinerário leva-o a alguns dos locais politicamente mais instáveis e fisicamente mais exigentes que existem à face da Terra. Escala uma das Montanhas Sagradas da China, navega entre icebergues no Chile e comove-se nas margens do Amazonas, nesta espectacular viagem de contrastes, dramatismo e beleza.


Bem que dizer destas novidades quero ler ambas e a minha próxima leitura será mesmo Yasmina Khadra, já tenho saudades. Livros a preços acessíveis comprando on-line, assim vale a pena ;).

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Processo de escrita - Nuno Ferreira



Partilho o processo de escrita do escritor Nuno Ferreira que admiro muito (podem ler o comentário ao livro aqui)

Espero que gostem e desde já agradeço ao amigo Nuno Ferreira a disponibilidade ;)

Edit: Já sabem que podem colocar questões ao escritor que acredito dentro das suas disponibilidades virá responder :)



Sobre o processo de escrita…

É algo que me acontece naturalmente. Eu não sou um autor que gosta de viajar ao sabor do vento, deixando a própria história e os personagens decidirem o seu rumo. Se o faço, corro o sério risco de me perder pelo caminho. Gosto de ir definindo mentalmente o trilho que a minha história vai tomar, sou disciplinado e metódico comigo mesmo, e isso, de certo modo, faz-me sentir um autor responsável para comigo e para com os meus leitores.

Ainda assim acho que uma história não pode ser uma prisão para o escritor, e será um grande sacrifício para ele próprio traçar milimetricamente tudo o que vai acontecer durante a história. Eu permito-me a algumas liberdades, principalmente dentro de cada capítulo. Penso para mim próprio que o capítulo x tem de ter aquele acontecimento, mas o processo até lá chegar, ou as nuances que envolvem esse evento, são pura liberdade, espontaneidade, até porque é através dessa liberdade e espontaneidade que se faz magia. É quando o autor se vê livre de amarras que o seu talento extravasa, que as suas pinceladas ganham brilho. No meu trabalho com o mundo de Zallar, tento sempre caminhar de mãos dadas com o planeamento e a liberdade artística. Nem sempre é fácil conciliar os dois, mas com uma boa disciplina de trabalho, é algo que até dá gozo fazer. Pessoalmente, perco a motivação naquilo que estou a escrever, se não tiver já pensado o seguimento a dar à história; preciso estar convencido que algo vai resultar para apostar realmente nisso.

O mundo de Zallar não foi exatamente o que eu esperava inicialmente, mas posso dizer que foi essa liberdade artística, aliada a uma maturidade literária que recebi das minhas leituras, que transformaram esse mundo naquilo que ele é hoje, mas as influências para esta história provêm de todo o meu histórico de paixões. Desde as bandas desenhadas (Marvel, DC, Dragon Ball, The Walking Dead), aos filmes bíblicos dos anos 70 e 80, o meu mundo bebeu de variadas influências, mas para a sua construção geográfica, cultural e ideológica, foi às enciclopédias que fui tecer Zallar. A História do nosso Planeta Terra é a principal inspiração para as Histórias Vermelhas de Zallar. À medida que o processo de escrita vai avançando, tenho cada vez mais a certeza que Zallar ganhou identidade própria, e essa identidade própria não renega as ideias que tenho para ele, o que o transforma num filho (um pouquinho violento), mas muito obediente.  

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Novidades Editora Marcador



SINOPSE:


Acusado de colocar em causa os códigos mais sagrados do Islão, o poeta persa Omar Khayyam encontra fortuitamente a simpatia do homem que é suposto julgar os seus crimes. Reconhecendo o seu génio, o juiz decide poupá-lo e oferece-lhe um pequeno livro em branco, encorajando-o a colocar naquele livro a coleção dos seus pensamentos mais profundos. Assim começa a combinação perfeita de realidade e ficção que é Samarcanda.


«Um livro extraordinário! As descrições que Maalouf faz das cortes, do bazar e das vidas de místicos, reis e amantes entretecem-se numa prosa evocativa e lânguida.»

The Independent


Já disponível :)



SINOPSE:



«No último paraíso do Planeta, a meio caminho entre o Velho e o Novo Mundo, as ventanias preparam a sua ofensiva. Ardem vulcões e terramotos, e é contra a morte que o povo dos Açores festeja, eufórico, como se em todo o caso o fim estivesse próximo.
De regresso às ilhas após trinta e cinco anos de ausência, José Artur Drumonde colecciona afectos e perplexidades. Há Elias Mão-de-Ferro, um velho endurecido pela vida no mato e pela culpa. Há Maria Rosa, uma pequena maria-rapaz, loira como só aos oito anos, conhecedora das raças de vaca e da natureza humana. Há Cabrinha, taberneiro e manipulador da consciência colectiva; há La Salete, a sua filha cozinheira e sábia; há Luísa Bretão, mulher de beleza e silêncios, a quem o regressado demorará tempo de mais a declarar-se.
A sua viagem não é a de um vencedor. Com a carreira na universidade onde ensina em risco, José Artur voltou em busca do que quer acreditar serem vestígios da Atlântida, a utopia há tanto procurada por arqueólogos e historiadores, e provavelmente também da memória de José Guilherme, o avô de cuja vida de adulto a sua própria existência fora, décadas antes, uma reprodução em ponto pequeno.
A terra não treme sob os seus pés: nem o maior o terramoto o seu corpo será capaz detectar, no que constituirá o mais evidente sinal da incompletude da sua pessoa. Na autenticidade da vida do campo, na repetição dos gestos dos seus antepassados – aí se encontrará, talvez, a redenção.
Mas as entranhas da velha casa familiar escondem um segredo: os ossos de Elisabete, a criança desprovida de um braço e dotada de força sobre-humana cujo desaparecimento, quase quarenta anos antes, coincidira com o fim da sua própria infância. E, à medida que – ao volante do seu Boca de Sapo verde-garrafa e na companhia do seu cão dourado –, o professor vai progredindo numa investigação algo caótica, para que o empurra mais a urgência do que a vontade, aquilo com que se depara são as pistas de uma vingança demasiado antiga, envolta numa teia de mentiras e já com um rasto de destruição demasiado extenso para que a possa desmontar um só homem.»



Disponível a partir de 20 de maio de 2015

sexta-feira, 8 de maio de 2015

O meu menino




Olá,

Nem só os livros nos fazem companhia, foi a primeira vez que tive um gato e este menino ensinou-me que realmente ter um gato é muito diferente do que pensamos, para melhor.

Como já tinha dito desapareceu-nos de casa e tem sido um sofrimento enorme, nem é bom falar muito, seja como for o que mais desejamos é que esteja bem.

Partilho convosco o meu menino, que era muito dócil  e aproveito para agradecer a todos o vosso apoio. Espero nunca passarem por isto ;)

Logo que vier de férias tentarei arranjar outro, tem que ser pois faz muita companhia :)

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Processo de escrita - Emílio Miranda






O escritor Emílio Miranda partilhou gentilmente com os seguidores do blog o seu processo de escrita, algo que considero sempre interessante para percebermos melhor como funciona a cabeça de um escritor.

Espero que gostem e caso queiram podem colocar questões ao escritor, acredito que dentro das suas possibilidades terá todo o gosto em responder :)

Desde já o meu obrigado ;)



Desafio: falar um pouco do meu processo de escrita, do que procuro fazer em cada livro… Ou do que cada livro acaba por fazer por si…

Antes de mais: os meus livros nascem e crescem como seres independentes de mim. São filhos desejados, mas feitos sem planeamento. Como todas as paixões nascem de uma faísca que incendeia o Universo…

Não teço esquemas. Cavo a terra e depois, como todo o jardineiro, aliso-a: retiro pedras e ervas daninhas. Mas, algures, fica sempre um pequeno caos inexplicável. Porque a vida não obedece a ordens: ela é espontânea. E como tal, pretendo que os meus livros, não sendo necessariamente retratos da vida, se sustentem nela.

Inicialmente escrevo de forma caótica: esboço personagens, traço caminhos.

Algures, num momento que pode ser tudo menos provável «entendo» que é tempo de começar a organizar o caos.

Como quem planta um jardim ou mobila uma casa procuro o lugar das flores, disponho os móveis nos locais que eles escolheram. As personagens revelam-se: contam as suas próprias histórias. Naturalmente as vidas cruzam-se. Tecem os seus próprios laços e os seus próprios caminhos.

Há sempre muito de poético nos seus pensamentos, no seu sofrimento, nos seus sonhos.

Mas, como na vida, há pontas soltas, caminhos que se interrompem bruscamente, explicações que nem sempre são claras.

A vida é feita de equívocos e de enigmas, de encontros e desencontros. Porque deveriam ser os livros diferentes?

Há coisas que não se explicam, apenas se sentem.

Os livros são um mistério que se revela até onde eles próprios desejam. Ou melhor, até onde cada uma das personagens deseja revelar o seu.

O fecho pode ser um outro reinício. A vida é uma sucessão de reinícios.

Fui claro?

sábado, 2 de maio de 2015

"1089 - O livro perdido das origens de Portugal" de Emilio Miranda - Marcador


Sinopse:
 
Ano de 1089. Uma nação em formação ergue-se na bruma do tempo, movida pelo forte e leal braço do povo, pelo arrojo de senhores feudais e pela fé nos ditames da Igreja e dos seus ministros. Num velho mosteiro, são muitas e sinceras as preces, mas também as manobras pela conquista do poder nesse novo território.
Magistralmente concebido, 1089 - O Livro Perdido das Origens de Portugal relata, de forma precisa, viva e cativante, os dias da fundação de Portugal tendo como palco central as terras de um mosteiro beneditino. E não deixa de fora relatos concisos da ambição dos homens e, em particular, dos da Igreja, com os seus segredos e jogos de luz e sombra.
No alvor da nação, plebeus e senhores lutam pelo Céu e pela Liberdade. Um antigo mosteiro esconde ambições, desejos e amores proibidos. 1089 - O livro perdido das origens de Portugal, o nascimento de uma nação, as lutas dos homens, o destino de um povo.

Opinião de Paula Pinto:

Um bom romance histórico é sempre bem-vindo. Sendo de um autor português, e trazido pela Marcador, parceria do amigo Corvo Negro, foi com prazer que me lancei num novo investimento.

Na verdade, o livro não foi bem aquilo que eu esperava - algo mais grandioso no sentido épico, esmiuçando os feitos maiores da nossa História. Neste sentido, sinto que a informação na contracapa me induziu em erro. Acabei por considerá-la muito “spoiler” e algo “sensacionalista”, não só porque, em vez de se limitar a dar o ponto de partida para a trama, vai muito mais além nos acontecimentos, mas também porque dá ao livro um tom mais épico do que na verdade penso que tem.  

A grandiosidade histórica está, de facto lá, sobretudo à medida que vamos avançando na narrativa. Mas a verdadeira grandiosidade do livro está nas personagens, e no modo como influenciam e são influenciados pelos acontecimentos. Adorei-as, os seus pensamentos, as suas quezílias, os seus afetos, as suas forças e fraquezas, os seus ódios e paixões. O tema épico narrado num tom mais intimista e de introspeção do que eu esperava, na verdade, agradou-me imenso. Não era o que eu estava à espera, volto a dizer, mas encheu-me as medidas. Damo-nos conta do desenrolar dos acontecimentos pelos olhos das diferentes personagens, e pela vivência que cada uma delas tem desses mesmos acontecimentos. No fundo, é isso que torna a História rica, é a humanidade que confere a verdadeira grandeza aos marcos do passado.

É um livro de leitura envolvente, com uns “pozinhos” de recordação de outras obras como “O Nome da Rosa” (Humberto Eco) e “Os Pilares da Terra” (Ken Follett). Tal como estes, o “1089” tem ingredientes apelativos que espicaçam a nossa imaginação: a Idade Média, monges e mosteiros, amores proibidos, intrigas, a sedução do poder. Mas tem, também, uma vida muito própria. É que, apesar de se debruçar sobre um passado longínquo (antes mesmo de D. Afonso Henriques entrar em cena como o famoso Conquistador), é um passado que nos soa próximo, fazendo dele um romance quase familiar.

Só não o vejo como um livro extraordinário pela forma peculiar como está escrito. Não senti qualquer problema com a linguagem em si – cuidada, muitas vezes poética, com um vocabulário rico, por vezes quase erudito, mas de fácil compreensão. No entanto, a espaços, achei a narrativa estruturada de forma confusa. Por exemplo, a alternância de pontos de vista tornou o romance riquíssimo, mas por vezes os sujeitos confundiam-se um pouco, havendo parágrafos em que não me foi fácil perceber a quem pertenciam aqueles pensamentos, ou acerca de quem eles eram formulados.

Durante a leitura, e à medida que a história ia evoluindo, o meu relacionamento com a escrita foi melhorando, e as características que tanto me incomodavam foram-se tornando mais toleráveis, transmitindo, até, uma certa originalidade. Não é um estilo que eu goste pessoalmente, mas com o qual aceito encontrar-me novamente. Não posso dizer que fiquei fã da escrita, mas fiquei fã do escritor.

Autor de pedaços romanceados da nossa rica História, Emílio Miranda destaca-se com vários romances trazidos por diferentes editoras, sendo que uma delas outra parceira do nosso anfitrião: a Saída de Emergência, com “O Livro dos Mosquetes”. É uma boa alternativa, quer às sagas intermináveis, quer aos episódios históricos de outras nações que não a nossa. É uma boa aposta em que a Marcador, a Saída de Emergência e os leitores portugueses devem continuar a investir.

Quem não conhecer que se dedique a experimentar. No meio de tantas obras do autor, com nomes e sinopses apelativos, que nos deixam a imaginar, este “1089 - O Livro Perdidos das Origens de Portugal” é um bom começo. É uma história muito bem narrada, numa tapeçaria de vários retalhos (tantas vidas que se cruzam!), mas que se unem de forma uniforme. De forma muito humana, mas sem sentimentalismos melosos. Muito espiritual e envolvente, com um final que, se por um lado não deixa de me surpreender, por outro me pareceu absolutamente adequado."